Nota de Repudio ao Programa Escola Sem Partido
O GRUPEFE — – Grupo de Pesquisa e Estudo em Filosofia da Educação, em
conjunto com o GRUPEC –– Grupo de Pesquisa em Estudos da Complexidade,
ambos constituídos por docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em
Educação da UNINOVE, bem como por profissionais da educação, após acurada
análise do Programa Escola Sem Partido, vem a público manifestar total repúdio
às propostas de emendas à LDB, consubstanciadas em projetos de lei
apresentados por ele, por considerá-las extremamente prejudiciais à educação
nacional. Além de ferir acintosamente dispositivos constitucionais, plenamente
consolidados, compromete muitos princípios de natureza pedagógica. Entendem
os Grupos que, se implementado, o referido Programa esvazia totalmente o
sentido da formação humana mediada pela educação institucional, por reduzir
o conteúdo do ensino/aprendizagem à transmissão de informações e habilidades
e por conceber o ensino como se fosse mera atividade técnica de instrução,
desconhecendo a absoluta necessidade de subsidiar os alunos no
amadurecimento da própria autonomia intelectual e moral; judicializa as
relações pedagógicas, criminalizando atitudes e discursos dos professores, ao
induzir abordagem jurídica e até mesmo policial; estimula atitudes de delação
e de chantagem entre as pessoas que convivem na comunidade escolar, atitudes
que se transformam em meios de acerto de contas e desavenças pessoais; fere o
direito da liberdade de expressão, restringindo e inibindo os espaços de
manifestação de ideias e posições, não só dos agentes formadores mas também
dos alunos; atua como uma mordaça aos professores, ao censurar conteúdos
das falas dos mesmos, o que implica também a desvalorização do papel do
professor no seio da comunidade; fere o direito e a liberdade dos estudantes
de aprenderem mediante ensino qualificado, que seja competente
cientificamente, criativo intelectualmente e critico politicamente; cerceia o
direito e a necessidade de os alunos acompanharem o desenvolvimento da
ciência como instância cultural, em decorrência da imposição priorizante de
ideias morais, religiosas e ideológicas supostamente esposadas pelos pais;
reforça os preconceitos de homofobia e de misoginia ao censurar e proibir o
debate sobre as questões relacionadas à igualdade de gênero e à diversidade
sexual; envieza a reflexão acerca do processo histórico, bem como suas
consequências, pelos quais passaram diversos grupos étnicos e sociais; impede
o fomento do debate sobre o sentido das diversas situações da realidade
sociocultural, desconhecendo o necessário pluralismo das ideias e dos valores,
consolidando o pensamento único, que se torna então dogmático.
São Paulo, 20 de outubro de 2016.
Grupefe e Grupec
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