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Ensino de Filosofia no Brasil: tendências teóricas e empíricas - 2008 a 2018

Nesta edição contamos com os relatos de pesquisas de mestrado e doutorado desenvolvidas pelos(as) pesquisadores(as) do NESEF/PPGE-UFPR: Hélio Camilo Rosa, Alessandro Reina, Marcio Pheper e Elisane Fank, sobre o Ensino de Filosofia no Brasil.

Hélio Camilo Rosa

O SÍSIFO FEVEREIRO 2022

     No Brasil, nas últimas décadas, houve crescimento da produção acadêmica sobre o ensino de Filosofia no Ensino Médio, isso aumentou de forma exponencial a disponibilização de material bibliográfico/científico para professores e estudantes de Filosofia. Constitui nosso objetivo analisar as principais “tendências teóricas” e/ou empíricas que norteiam a produção acadêmica sobre o Ensino de Filosofia no Ensino Médio brasileiro entre os anos de 2008 a 2018. Esse período caracteriza-se por uma década da presença da Filosofia como disciplina obrigatória no Ensino Médio, sendo relevante a pesquisa sobre as tendências.

        O passo inicial da pesquisa foi a busca por teses, dissertações e artigos nas seguintes plataformas: Google Acadêmico, Thesauros Brasileiro de Educação, Periódicos Capes e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). O levantamento revelou enorme produção acadêmica e na busca selecionamos quarenta (40) teses, setenta e uma (71) dissertações e duzentos e sessenta e sete (267) artigos. Diante dos dados sobre a produção selecionada emergiu a questão: quais as principais tendências que norteiam a produção acadêmica sobre o ensino de filosofia no Brasil? A resposta a essa pergunta é primordial, pois faz-se “urgente e necessário um melhor mapeamento de processos e da prática de pesquisas empíricas para atenderem as demandas da sua diversidade e riqueza.” (GONTIJO, 2017, p.16).

      Quando defendemos a tese de que há “Tendências no Ensino de Filosofia no Ensino Médio”, tomamos o termo tendência no sentido de direção e predisposição, o movimento e abrangência de ideias (CAMPOS; WOLF p. 26) a determinada direção, é posição, classificação, escolha de “certas soluções” (VARGAS, 2007). Quando um pesquisador toma uma posição e faz escolhas de um pensamento filosófico em detrimento de outro, por exemplo. Identificamos três tendências na produção acadêmica sobre o ensino da Filosofia no Brasil ao longo da história da presença da disciplina no currículo escolar: tendência enciclopédica, tendência pós-moderna (desconstrutivista) e tendência materialista histórica e dialética.

      Adotamos dois critérios para situarmos qual tendência o autor defendia em sua pesquisa: tese, dissertação e artigo. O primeiro foi identificar os filósofos norteadores da pesquisa; o segundo consistiu em identificar categorias, conceitos e expressões que movimentam a pesquisa para uma determinada direção. Sendo assim, a tendência do Ensino de Filosofia Enciclopédica foca nos filósofos Platão, Kant e Hegel, com ênfase no ensino da história da Filosofia, nos estudo dos filósofos em ordem cronológica e nos sistemas filosóficos; a tendência do Ensino de Filosofia pós-moderna (“desconstrutivista”) fundamenta-se nos filósofos Nietzsche, Deleuze/Guattari e Foucault, sintetizando ideias de desconstrução, subjetividades e multiplicidades, produção e criação de conceitos; a tendência do Ensino da Filosofia Materialista histórica e dialética embasa nos filósofos Marx, Gramsci, Lukács e Heller, ela é entendida como “objetivação e imanência” e dialoga com a crítica, recepção, formação, método filosófico e praxiologia.

    Após organização dos dados da pesquisa e com base em estudos de outros pesquisadores identificamos que, a maior parte da produção acadêmica sobre o ensino de Filosofia concentra-se nos Programas de Pós-Graduação em Educação, “96%, e somente 4% nos programas de PósGraduação em Filosofia” (PONCE; MINEIRO, 2015, p. 89-90), embora os pesquisadores dessa área possuam formação filosófica. O debate constituído no campo da Educação é enriquecedor para a discussão sobre didática, currículo e práticas escolares, mas defendemos que o ensino da Filosofia seja discutido nos Cursos de Licenciatura e nos Programas de pósgraduação em Filosofia para que “o futuro professor e a futura professora pesquisem a prática docente sob a ótica da literatura filosófica; para, enfim, que os cursos de formação concebam o Ensino de Filosofia como indissociável da própria Filosofia. (VELASCO, 2019, p. 8).

O SÍSIFO FEVEREIRO

Os textos completos podem ser consultados no link ao lado

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