Geraldo Balduino Horn
Alexsander Machado
Na esteira da edição do mês passado, este número também destaca as pesquisas de Educação Filosófica desenvolvidas no âmbito do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Ensino de Filosofia (NESEF) e da Linha de Pesquisa Cultura, Escola e Processos de Formação em Educação do PPGE-UFPR.
Todo trabalho acadêmico exige esforço intelectual por parte de quem o elabora. Comentamos no editorial anterior, que é muito importante para o(a) pesquisador(a) perceber uma situação-problema que lhe diz respeito, ou que tenha relação com o meio no qual está inserido. Isso concebido, o próximo passo é pensar em uma maneira para respondê-la ou compreendê-la. De posse de algumas estratégias e passos, o(a) pesquisador(a) encontrará explicações, soluções ou prováveis hipóteses que lhe indicarão o caminho para chegar em conclusões apropriadas e seguras sobre o tema investigado.
É muito importante perceber um problema teórico ou prático a ser resolvido, depois formular hipóteses ou perguntas, e em seguida, testá-las (confrontando-as com a literatura e/ou verificando-as na realidade), podendo assim tirar algumas conclusões. Com afirmam Laville e Dionne em A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em Ciências Humanas (1999, p. 11) “Chegar a possíveis explicações ou soluções para um problema pode significar não apenas aquisição de novos conhecimentos, mas, também, fornecer uma determinada intervenção. Um problema é sempre uma falta de conhecimento.” Além disso, é imprescindível pesquisar com rigor, com método, garantindo, assim, que os resultados do estudo sejam confiáveis e tenham validade acadêmica e social.
Não é recente a preocupação em torno da utilização de um método quando se fala em pesquisa ou produção de novos conhecimentos. Para compreendermos o porquê desse interesse pelo método, precisamos inicialmente entender o significado do termo método. Método é derivado do latim tardio methodus e do grego methodos, de meta: por, para, através de; e hodos: caminho. Podemos, então, traduzir o termo por “caminho para” ou “prosseguimento”. Ou, conforme definição de Japiassu e Marcondes no Dicionário Básico de Filosofia (1996, p. 131), como um “conjunto de procedimentos racionais, baseados em regras, que visam atingir um objetivo determinado. Por exemplo, na ciência, o estabelecimento e a demonstração de uma verdade científica.”
Este entendimento aparece pela primeira vez de forma mais sistemática com o matemático e filósofo francês Renê Descartes (1596-1650). Segundo sua própria advertência, era preciso examinar a certeza pelo método da dúvida universal. Este método supõe o fato de que existe alguma certeza. Mesmo esta devia ficticiamente ser posta em dúvida, para ter como resultado que, mesmo tentando duvidar, alguma coisa resta como certa. Se duvido, – disse Descartes, – não posso duvidar que esteja duvidando, isto é, pensando, e que sou eu que estou pensando; penso, logo existo, eis como se traduz esta situação.
Embora considerando a importância da abordagem cartesiana, as pesquisas realizadas no NESEF fundamentam-se no método materialista dialético. A teoria de Hegel (1770-1831), filósofo alemão, e de seus seguidores, conhecida como idealismo absoluto, que identifica a realidade com a razão (“todo real é racional”), compreendida esta por meio do desenvolvimento histórico da consciência foi tomada como uma das bases na formulação da teoria do método marxista. Karl Marx (1818- 1883) revolucionou o pensamento filosófico, especialmente pelas conotações políticas explícitas nas suas ideias, assumidas e aprofundadas também por Friedrich Engels (1820-1895).
No período em que Marx e Engels iniciaram sua formação, a filosofia hegeliana afirmava-se como sistema dominante na Alemanha, inaugurando no século XIX um novo método do pensamento: a dialética. Em vias de consolidação, a filosofia de Hegel influencia os primeiros escritos de Marx, passando posteriormente, em colaboração com Engels, por uma análise crítica rigorosa no que se refere principalmente à concepção idealista de história, de mundo, de Estado, de homem e de ciência.
A crítica ao idealismo, a crítica à teoria política francesa e a crítica à economia clássica inglesa, constituem os primeiros passos na definição do materialismo histórico como corpo central da concepção norteadora da ciência da história, sistematizada por Marx e Engels, formando o núcleo científico e social da teoria marxista.
A questão fundamental a ser entendida aqui é a demarcação da ciência da história enquanto teoria e método científico, cujos pressupostos Marx fundamenta em relação às justaposições históricas de cunho idealista e mecanicista presentes nas interpretações de historiadores e filósofos que o precederam.
De maneira um tanto esquemática podemos dizer que a abordagem marxiana da história como processo reivindica, basicamente, dois aspectos: (a) que o nível de desenvolvimento das forças produtivas de uma dada sociedade permite entender as relações sociais (e de produção) e sua estrutura econômica, e que a base econômica da sociedade é o fundamento das superestruturas legais e jurídicas e das formas de consciência; (b) que a História é a ciência da observação e da determinação objetiva do real – busca descobrir tanto as leis da ciência como as leis da natureza.
Nesta edição contamos com os relatos de pesquisas de mestrado desenvolvidas pelos pesquisadores(as) do NESEF/PPGE-UFPR: Mayco Aparecido Martins Delavy, Claudinei dos Santos Dias e Alexsander Machado.
Os textos completos podem ser consultados no link ao lado
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