Jornal do coletivo nesef educacao filosofica

A produção acadêmica em educação filosófica

As edições do jornal O Sísifo dos meses de dezembro (2021), janeiro e fevereiro (2022) têm como tema central a pesquisa em Educação Filosófica – com destaque especial sobre as investigações acadêmicas em curso e concluídas recentemente no âmbito do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Ensino de Filosofia (NESEF) e da Linha de Pesquisa Cultura, Escola e Processos de Formação em Educação do
PPGE-UFPR. Este editorial (dezembro/2021) retoma e apresenta algumas das reflexões realizadas no livro Orientações para elaboração de projetos e monografias, dos autores Geraldo Balduino Horn e Carmen Diez, publicado pela Editora Vozes em 2004.

Geraldo Balduino Horn
Alexsander Machado

Pensar a pesquisa educacional, com recorte na Educação Filosófica, significa trazer à consciência a própria natureza desta atividade na instância acadêmica. Disso emerge, de imediato, uma contradição: de um lado, trata-se de uma atividade intelectual que é, a um e só tempo, o cerne da pós-graduação (regida por regras institucionais e normas específicas de produção de acordo com a ABNT), de outro, é também seu nó górdio na medida em que visa transformála em uma prática social capaz de produzir mecanismos de luta e resistência contra o domínio cultural hegemônico das classes dominantes.

     Criar condições de acesso e permanência à classe trabalhadora nos programas de mestrado e doutorado é uma tarefa que requer coragem, determinação, sensibilidade, consciência de classe e, sobretudo, paciência para enfrentar os defensores do status quo e da manutenção do poder instituído do estado burguês.

     Para delinear um escopo à pesquisa acadêmica em Educação Filosófica é necessário enunciar alguns atributos essenciais e específicos da prática de investigação, diversa em complexidade, aprofundamento e alcance conforme o nível do estudo, do lato sensu — aperfeiçoamento e especialização —, ao stricto sensu — mestrado e doutorado. São eles:

  1.      a) A produção acadêmica, em investigações de lato ou stricto sensu, emerge sempre da busca de respostas a um problema de pesquisa. O problema é, via de regra, apreciado e julgado a partir de fontes específicas (bibliográficas, documentais, etc.) e procedimentos metodológicos adequados à natureza do trabalho investigativo. O que os distingue é que pesquisas de iniciação científica são mais livres podendo enfocar objetos mais extensos, enquanto as pesquisas de mestrado e doutorado exigem maior aprofundamento, rigor e exatidão quanto aos resultados da pesquisa.
  2.      b)Para as pesquisas de mestrado e doutorado em ciências humanas e sociais, como é o nosso caso, em Educação Filosófica, é imprescindível a delimitação estrita do objeto. Além disso, é necessário realizar a pesquisa empírica sem, é claro, cair na prática procedimentalista, que impõe levantamento ou produção de dados como condição sine qua non do ato de pesquisar.
  3.      c) O entendimento que a construção do conhecimento se dá em um movimento crescente, do simples ao complexo, e de um plano horizontal de uma percepção mais global, a uma verticalidade que recorta e delimita cada vez mais seu objeto, para apreendê-lo em suas minúcias. Fato é que o pesquisador, para delimitar com propriedade um objeto de estudo, sobre o qual deverá ter o domínio no mestrado e abordá-lo com originalidade no doutorado — ambos de stricto sensu —, precisa perceber, com anterioridade, um fenômeno em sua vastidão.
  4.      Assim, à medida, por exemplo, em que a dissertação seja entendida em moldes semelhantes à tese de doutorado, obviamente se tenderá a exigir originalidade e um nível elevado de sofisticação teórica, além de se supor tacitamente um grau de autonomia intelectual que em média não tem estado presente nos alunos de mestrado. A não clareza quanto às especificidades de cada plano investigativo alocou a disciplina de Metodologia da Pesquisa na oscilação entre o Olimpo e o Aqueronte, ou seja, entre o céu e o inferno, turvando a visão sobre a principal atividade da pós-graduação.
  5.      Ocorrem, então, algumas distorções: por um lado o orientador tem a expectativa de que o orientando defina com autonomia seu objeto de estudo, problematize-o, opte por uma sustentação teórica e estabeleça a metodologia de investigação e análise; por outro lado, o orientando se desespera e procura auxílio de outros docentes, transporta pilhas de livros sem pertinência — e que raramente lê —, ou encomenda a pesquisa com profissionais da escrita — cada vez mais borbotados nos baldios das academias.

  6.      Nas pesquisas desenvolvidas no âmbito do NESEF essas possíveis distorções são resolvidas, em boa medida, pela colaboração dos colegas pesquisadores(as) que participam a mais tempo do Núcleo e já possuem certo acúmulo de experiência com o trato e com os meandros da pesquisa acadêmica.
  7.      Para esta edição, contamos com os relatos das pesquisas em andamento dos pesquisadores(as) doutorandos(as) do NESEF/PPGE-UFPR Everton Marcos Grison, Avanir Mastey e Raquel Aline Zanini.

  8.  

Os textos completos podem ser consultados no link ao lado

© 2024 — Powered by WordPress

Theme by Anders NorenUp ↑